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Como pagar menos imposto sendo psicólogo em 2026 e 2027: guia completo e preparação para a Reforma Tributária

Se você é psicólogo(a) clínico, organizacional, escolar ou atua em clínica multidisciplinar, 2026 e 2027 serão anos decisivos. Ao mesmo tempo em que entra em vigor a nova faixa de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a Reforma Tributária começa a ser testada, com implantação gradual da CBS (federal) e do IBS (estadual/municipal).

Na prática, isso significa duas coisas:

  1. Você pode pagar menos imposto se organizar desde já.

  2. Quem continuar “no automático” tende a pagar mais ou correr riscos fiscais.

Este guia foi pensado para psicólogos autônomos, donos de consultórios e clínicas de psicologia que querem entender o cenário, escolher o melhor regime tributário e se preparar para a Reforma Tributária com segurança.

1. Por que falar de impostos de psicólogo agora?

1.1. O que muda no curto prazo (2026 e 2027)

Alguns pontos fundamentais para o psicólogo:

  • Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF): a partir de 2026, fica isento quem tem renda tributável de até R$ 5 mil por mês, com descontos para rendas até R$ 7.350.

  • Reforma Tributária sobre consumo: começa a fase de testes da CBS e do IBS em 2026; em 2027, a CBS passa a substituir o PIS/Cofins, e o IBS entra de forma gradual, com transição completa até 2033.

  • Serviços de saúde (incluindo psicologia): terão regime diferenciado, com redução de 60% na alíquota padrão de IBS e CBS para serviços de saúde, o que inclui serviços psicológicos quando corretamente enquadrados.

Em resumo: o jogo muda tanto para quem atua como pessoa física quanto para quem tem CNPJ.

2. Como funciona hoje a tributação do psicólogo (PF x PJ)

2.1. Psicólogo autônomo (pessoa física, carnê-leão)

Quem atua sem CNPJ, emitindo recibos para pessoas físicas, normalmente está sujeito a:

  • Carnê-leão: apuração mensal obrigatória do IRPF sobre rendimentos de atendimentos a pessoas físicas.

  • Tabela progressiva do IR: alíquotas que chegam até 27,5% sobre a base tributável.

  • INSS como contribuinte individual: em regra, cerca de 20% sobre o valor declarado para fins previdenciários.

Pontos fortes da pessoa física:

  • Simplicidade para quem fatura pouco.

  • A partir de 2026, isento de IR se a renda tributável total ficar até R$ 5 mil mensais, o que melhora a situação de quem atende em escala menor.

Pontos fracos:

  • Limitação de despesas dedutíveis.

  • Carga elevada para rendas médias/altas.

  • Menor percepção de profissionalismo para convênios e empresas.

Em termos práticos, para psicólogos que recebem bem acima de R$ 5 mil mensais exclusivamente de atendimentos, a soma de IRPF + INSS costuma deixar a carga total bastante pesada em comparação ao CNPJ, especialmente a partir de 2027, com mais cruzamentos eletrônicos.

2.2. Psicólogo com CNPJ no Simples Nacional

O modelo mais comum para consultórios e clínicas de psicologia é o CNPJ no Simples Nacional, em regra com CNAE de serviços de saúde/psicologia, enquadrado no Anexo III ou Anexo V, a depender do Fator R.

  • Anexo III: alíquotas iniciais a partir de 6%, chegando até cerca de 33%, dependendo do faturamento anual.

  • Anexo V: alíquotas mais altas (a partir de 15,5%), mais pesado para serviços intensivos em mão de obra se não houver boa folha.O Fator R (folha de salários + pró-labore / receita bruta) é decisivo: se for igual ou maior que 28%, a empresa fica no Anexo III; se for menor, pode cair no Anexo V, aumentando significativamente a carga tributária.

Vantagens do CNPJ no Simples:

  • Carga, em muitos casos, entre 6% e 19,5% sobre o faturamento, já incluindo vários tributos.

  • Maior aceitação por convênios, escolas, empresas e plano de saúde.

  • Possibilidade de pró-labore + distribuição de lucros (que, em regra, são isentos de IR até o limite do lucro contábil, respeitadas as novas regras de altas rendas).

2.3. Lucro Presumido e outros regimes

Para clínicas maiores ou com faturamento elevado, o Lucro Presumido pode fazer sentido. Em serviços de saúde, a carga total (IRPJ, CSLL, PIS/Cofins + ISS) costuma girar em torno de 13,33% a 16,33% do faturamento, antes da Reforma.

Vantagens:

  • Possibilidade de créditos de PIS/Cofins não cumulativos (em algumas estruturas).

  • Mais flexibilidade contábil para reorganizar o negócio.

Desvantagens:

  • Mais burocracia.

  • Pode ser mais caro do que o Simples para clínicas de pequeno e médio porte.

2.4. Comparativo geral (PF x Simples x Lucro Presumido)

Tabela didática com faixas aproximadas – não substitui simulação individual

ModeloBase típicaCarga aproximada sobre faturamento*Perfil para quem costuma valer a pena
Pessoa física (autônomo)Renda de atendimentos PFIRPF até 27,5% + INSS até 20% (carga efetiva variável)Quem fatura pouco e fica até R$ 5 mil/mês após 2026
Simples – Anexo IIIServiços de psicologia~6% a ~19,5% sobre faturamento, conforme faixaConsultórios e clínicas de pequeno/médio porte
Simples – Anexo VServiços de psicologia~15,5% a ~30% sobre faturamentoPsicólogos com folha baixa e ticket médio alto
Lucro PresumidoClínicas maiores~13,33% a ~16,33% + INSS sobre pró-laboreClínicas estruturadas com faturamento elevado

*Valores aproximados, apenas para comparação didática. A carga real depende de cidade, faturamento, folha, benefícios fiscais, etc.

3. Estratégias para pagar menos imposto em 2026 e 2027

3.1. Estratégia 1 – Escolher corretamente entre PF e PJ

De forma direta:

  • Até cerca de R$ 5 mil/mês de renda total, com poucos custos, a partir de 2026 a pessoa física ganha força por causa da isenção de IRPF.

  • Acima disso, especialmente quando o faturamento passa dos R$ 8.000–10.000 mensais, um CNPJ no Simples Nacional geralmente passa a ser mais vantajoso, principalmente se você conseguir se manter no Anexo III.

Exemplo simplificado (valores meramente ilustrativos):

  • Psicóloga autônoma faturando R$ 12.000/mês com atendimentos particulares: pode ter carga efetiva total (IR + INSS) chegando a algo em torno de 25–35% do resultado, dependendo das deduções.

  • A mesma psicóloga, com CNPJ enquadrado no Anexo III do Simples, pode ficar com carga próxima de 8–13% sobre o faturamento, além de organizar pró-labore e lucros.

Opinião prática: acima de um certo patamar de faturamento, ficar como autônomo por comodidade costuma ser “dinheiro jogado fora”. Planejar a abertura de CNPJ com uma contabilidade especializada quase sempre se paga sozinho.

3.2. Estratégia 2 – Dominar o Fator R para fugir do Anexo V

O Fator R é calculado assim:

Fator R = (folha de salários + pró-labore + encargos) / receita bruta dos últimos 12 meses

Se o resultado for ≥ 28%, a empresa fica no Anexo III; se for menor, pode ir para o Anexo V, muito mais caro.

Boas práticas:

  • Definir um pró-labore coerente, nem simbólico demais nem exagerado.

  • Formalizar psicólogos parceiros como CLT ou sócios com pró-labore, em vez de pagar tudo “por fora”.

  • Planejar férias, 13º e encargos já pensando no impacto positivo no Fator R.

Exemplo prático:

  • Clínica com receita de R$ 60.000/mês (R$ 720.000/ano).

  • Se a folha total (incluindo pró-labore) for de R$ 12.000/mês (20%), há risco de Anexo V.

  • Se a folha for ajustada para R$ 18.000/mês (30%), passa a atender o Fator R, permitindo enquadramento no Anexo III – diferença de vários pontos percentuais na alíquota.

3.3. Estratégia 3 – Separar pró-labore e distribuição de lucros

No CNPJ, a remuneração equilibrada costuma seguir esta lógica:

  • Pró-labore: base para INSS e, em alguns casos, IR na fonte.

  • Distribuição de lucros: em regra, isenta de IR até o limite do lucro contábil, desde que haja escrituração regular e observância das novas regras para altas rendas.

Com o novo IR a partir de 2026, rendas muito elevadas (acima de R$ 600 mil/ano) tendem a sofrer tributação mínima adicional, o que exige planejamento ainda mais cuidadoso para clínicas de grande porte.

Conclusão prática: o objetivo não é “não ter pró-labore”, e sim equilibrar pró-labore + lucros de forma inteligente, dentro da lei.

3.4. Estratégia 4 – Controlar despesas dedutíveis (PF e PJ)

  • Na pessoa física (carnê-leão): aluguel de consultório, despesas de internet, materiais, secretária e plataforma de teleatendimento podem ser dedutíveis se ligadas à atividade e corretamente comprovadas.

  • Na pessoa jurídica: despesas com estrutura, equipe, sistemas e marketing, quando bem documentadas, reduzem o lucro base para IR/CSLL (especialmente no Lucro Real, mas também com impacto indireto no Simples por organização financeira).

Erros comuns:

  • Misturar contas pessoais e profissionais.

  • Guardar notas em nome da pessoa física quando o gasto é da empresa.

  • Não ter conta bancária separada para o CNPJ.

3.5. Estratégia 5 – Precificar serviços considerando tributação

Muitos psicólogos formam o preço assim: “o convênio paga X, meus colegas cobram Y, então vou cobrar algo parecido”. O resultado é:

  • Margens apertadas.

  • Falta de recursos para investir em estrutura e equipe.

  • Dificuldade em pagar impostos e manter a clínica saudável.

Uma abordagem melhor:

  1. Calcular custo fixo mensal (aluguel, secretaria, sistemas, marketing, tributos).

  2. Definir o lucro desejado.

  3. Ajustar o preço por sessão e por pacote considerando a carga tributária do regime escolhido.

Ou seja: o regime tributário não é apenas consequência, mas parte da estratégia de precificação.

4. Reforma Tributária: o que muda para psicólogos e clínicas

4.1. Linha do tempo 2026–2033 para serviços de saúde

De forma simplificada, o cronograma da Reforma Tributária sobre consumo é o seguinte:

AnoO que acontece (visão geral para serviços de saúde e psicologia)
2026Ano-teste: simulação obrigatória de CBS/IBS nas notas (sem impacto cheio)
2027CBS substitui PIS/Cofins de forma mais ampla; IBS inicia fase de transição
2029–2032Transição progressiva de ICMS/ISS para IBS
2033Sistema antigo (PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS) é extinto; IBS/CBS plenos

O ponto central: será um período de convivência entre o sistema atual e o novo, com forte exigência de organização fiscal e suporte contábil.

4.2. Regime diferenciado de IBS e CBS para saúde (incluindo psicologia)

A Lei Complementar 214/2025, que regulamenta a Reforma, prevê regime diferenciado para serviços de saúde, com redução de 60% na alíquota padrão da CBS e do IBS para essas atividades.

Isso significa, de forma simplificada:

  • Se a alíquota geral de IBS/CBS for X, a saúde pagará algo como 40% desse valor.

  • A psicologia, quando corretamente enquadrada como serviço de saúde, tende a se beneficiar diretamente dessa redução.

Mas atenção:

  • É preciso ter CNAE adequado, contrato social coerente e emissão de notas fiscais com a natureza correta de serviço.

  • O benefício é pensado para serviços efetivos de saúde, não para atividades genéricas de “consultoria” ou “coaching”.

4.3. E o Simples Nacional com a Reforma Tributária?

A Reforma Tributária manteve o Simples Nacional como regime diferenciado para micro e pequenas empresas. Na prática:

  • Empresas optantes pelo Simples continuarão recolhendo tributos dentro do próprio regime, com ajustes para CBS/IBS embutidos na alíquota global.

  • É provável que a alíquota do Simples passe a refletir a carga combinada do novo sistema, mas a lógica de “um único DAS” permanece.

Na prática para psicólogos: o Simples deve continuar sendo, para a maioria, o “primeiro endereço” do planejamento tributário – especialmente para consultórios individuais e clínicas com faturamento anual até o teto do regime.

5. Como se preparar hoje para a Reforma Tributária sem pagar imposto a mais

5.1. Checklist prático para 2026 e 2027

  1. Mapear sua situação atual:

    • Faturamento médio mensal.

    • Se atua como PF, PJ ou misto.

    • Cliente principal: convênios, empresas ou pacientes pessoa física.

  2. Simular PF x PJ com base nas regras de 2026:

    • Considerar nova faixa de isenção do IRPF.

    • Avaliar impacto do INSS.

    • Comparar com Simples Anexo III e V.

  3. Ajustar o Fator R:

    • Rever pró-labore e contratações.

    • Planejar formalização de psicólogos parceiros na folha.

  4. Revisar CNAE e objeto social:

    • Garantir enquadramento como serviços de saúde para aproveitar a redução de 60% em IBS/CBS.

  5. Organizar documentos:

    • Separar contas bancárias PF/PJ.

    • Centralizar notas fiscais, recibos e contratos em algum sistema confiável.

  6. Simular o impacto da Reforma:

    • Mesmo em 2026, o “ano-teste” já exigirá simulações de IBS/CBS nas notas fiscais, o que pede sistemas e processos bem parametrizados.

  7. Estabelecer rotina de revisão com contador especializado em saúde:

    • Revisar regime tributário pelo menos uma vez por ano ou quando houver aumento de faturamento.

6. Erros comuns que fazem psicólogos pagar mais imposto do que precisam

  1. Ficar como autônomo por inércia, mesmo com faturamento alto.

  2. Ter CNPJ, mas cair no Anexo V por não cuidar do Fator R.

  3. Misturar despesas pessoais e profissionais, perdendo deduções e aumentando o risco de autuações.

  4. Não registrar tudo (especialmente atendimentos recebidos via PIX, dinheiro ou transferência pessoal).

  5. Não atualizar CNAE/contrato social, perdendo benefícios específicos da saúde na Reforma.

  6. Ignorar a nova isenção de IRPF até R$ 5 mil para organizar uma estratégia híbrida inteligente (CLT + PJ + PF, quando fizer sentido).

7. Conclusão: organização hoje, economia de imposto amanhã

Ser psicólogo em 2026 e 2027 significa viver um momento de grande transição: nova tabela de IRPF, Reforma Tributária na prática, regimes diferenciados para saúde e digitalização total da fiscalização.

Do ponto de vista técnico, o psicólogo bem organizado tende a pagar menos imposto do que aquele que “faz tudo sozinho” e decide baseado em opiniões de colegas. Na prática, quem planeja PF x PJ, cuida do Fator R, revisa o enquadramento como serviço de saúde e mantém registros sólidos chega à Reforma Tributária muito mais preparado.

Minha recomendação clara: trate o tema “impostos” como parte da gestão estratégica da sua carreira ou da sua clínica – não como um mal necessário que você só lembra na hora de declarar o imposto de renda.


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