Imposto para Amazon FBA: guia completo de tributação para vendedores brasileiros
Vender pela Amazon com o programa FBA pode multiplicar o faturamento, mas não elimina a responsabilidade tributária. A Amazon cuida de armazenagem, embalagem, entrega e parte do faturamento, porém quem responde pelos impostos sobre as vendas continua sendo o vendedor, com CNPJ e obrigações fiscais em dia.
Este guia explica, de forma prática e técnica, como funciona o imposto para Amazon FBA no Brasil, quais tributos incidem, como a emissão de notas fiscais é organizada e quais escolhas tributárias fazem diferença no bolso do empreendedor.
O que é Amazon FBA e por que isso importa para os impostos
O FBA (Fulfillment by Amazon) é o programa de logística da Amazon em que você envia seu estoque para os centros de distribuição e a plataforma cuida de armazenar, embalar, enviar ao cliente e fazer o pós-venda.
Na prática:
Você manda as mercadorias para o centro de distribuição.
A Amazon controla o estoque.
Quando o cliente compra, a Amazon separa, embala, envia e atende o cliente.
Do ponto de vista tributário, isso significa:
A natureza da atividade continua sendo comércio de mercadorias (e-commerce).
Os impostos sobre a venda (ICMS, PIS/COFINS, IRPJ, CSLL ou Simples Nacional) continuam sendo de responsabilidade do vendedor.
A Amazon responde pelos impostos sobre o serviço de intermediação (ISS sobre comissões, taxas de marketplace).
Minha análise: FBA muda radicalmente a logística, mas não cria um imposto novo. Ele “embala” a mesma tributação do e-commerce dentro de uma estrutura mais complexa de notas fiscais e fluxos de estoque.
Quem pode usar Amazon FBA no Brasil e qual o impacto no CNPJ
A própria Amazon exige CNPJ para o uso do FBA no Brasil. Ou seja, apenas vendedores com pessoa jurídica podem se cadastrar no programa.
Em termos práticos:
Pessoa Física
Pode vender na Amazon em alguns modelos, mas não acessa o FBA no Brasil.
Continua sujeita a IRPF e eventual contribuição previdenciária, como autônomo ou atividade eventual.
Pessoa Jurídica (CNPJ)
Obrigatória para FBA.
Pode ser MEI (se a política da Amazon e os limites de faturamento permitirem), Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte, ou empresa de maior porte.
Do ponto de vista de planejamento:
Quem pretende usar FBA deve pensar em abrir CNPJ focado em e-commerce, com CNAE adequado e regime tributário bem escolhido.
Misturar atividades pessoais e empresariais em um mesmo CPF é uma escolha de alto risco, especialmente com fluxo relevante via marketplace.
Quais impostos incidem sobre vendas com Amazon FBA
Ao vender produtos físicos pela Amazon com FBA, o vendedor lida essencialmente com a mesma lógica tributária de qualquer e-commerce de mercadorias.
Principais tributos para quem vende com Amazon FBA
A tabela abaixo resume os tributos mais relevantes:
| Tributo | Sobre o que incide | Responsável principal | Observações gerais |
|---|---|---|---|
| ICMS | Circulação de mercadorias | Vendedor (CNPJ) | Principal imposto para vendas em marketplaces. |
| ICMS-DIFAL | Vendas interestaduais ao consumidor final | Vendedor | Partilha entre estado de origem e destino. |
| ICMS-ST | Substituição tributária em produtos específicos | Indústria / atacadista / às vezes vendedor varejista | Depende de convênios entre estados e NCM. |
| PIS / COFINS | Receita bruta de vendas | Vendedor | No Simples são embutidos; em outros regimes são destacados. |
| IRPJ / CSLL | Lucro presumido ou real | Vendedor pessoa jurídica | Não se aplicam ao MEI; no Simples também estão embutidos. |
| ISS sobre comissões | Serviços de intermediação do marketplace | Própria Amazon / intermediador | Incide sobre a comissão do marketplace. |
| IBS e CBS (Reforma) | Consumo (bens e serviços) em sistema dual de IVA | Contribuinte do imposto, com destaque em NF | IBS estadual/municipal + CBS federal serão migrando progressivamente. |
Fato técnico: a Amazon já divulgou que, nas vendas via FBA, irá atualizar automaticamente as notas fiscais para IBS/CBS (com CBS de 0,9%, IBS estadual de 0,1% e IBS municipal variável), sem exigir mudanças operacionais do vendedor na plataforma.
Minha interpretação: isso não substitui o planejamento tributário; apenas facilita o cumprimento operacional.
ICMS, DIFAL e ICMS-ST nas vendas via Amazon FBA
ICMS é o imposto central para quem vende produtos físicos pela internet. Ele incide sobre o valor total da mercadoria vendida ao consumidor.
Pontos-chave no contexto FBA:
Se você vende para consumidores em outros estados, entra em cena o DIFAL (diferencial de alíquotas) em operações B2C.
Em alguns produtos (bebidas, cosméticos, autopeças etc.), pode existir ICMS-ST, onde a tributação é antecipada pela indústria/atacadista, alterando o cálculo para o varejista.
O fato de o produto estar armazenado em um centro de distribuição da Amazon em outro estado impacta CFOP, local de saída e regras de DIFAL — exigindo parametrização correta do sistema e apoio contábil.
Em termos práticos: FBA não “apaga” ICMS. Ele complica a geografia das operações, o que torna indispensável ter um contador que entenda fluxo de mercadorias em marketplace.
Tributos federais conforme o regime tributário
O impacto dos impostos federais vai depender do regime tributário da empresa:
Simples Nacional (Anexo I – comércio)
E-commerce em geral se enquadra no Anexo I.
Uma única guia (DAS) reúne IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, CPP e ICMS (com algumas especificidades).
Alíquotas variam conforme o faturamento acumulado em 12 meses.
Lucro Presumido
IRPJ e CSLL calculados sobre uma base presumida (geralmente 8% da receita para comércio).
PIS e COFINS, em regra, cumulativos (3,65% sobre o faturamento), salvo situações específicas.
ICMS apurado separadamente conforme legislação estadual.
Lucro Real
IRPJ e CSLL calculados sobre o lucro contábil ajustado.
PIS/COFINS não cumulativos (com possibilidade de créditos).
Em geral faz sentido apenas para operações de maior porte ou margens muito apertadas.
Minha opinião prática: para a maioria dos sellers iniciando ou escalando FBA, Simples Nacional e Lucro Presumido são os regimes mais usuais, sendo o Lucro Real exceção estratégica para casos específicos.
DIFAL nas vendas para pessoa física na Amazon
De forma objetiva: se você vende pela Amazon para pessoa física em outro estado, o DIFAL só entra forte no radar quando a empresa não está no Simples Nacional. Para optantes do Simples, seguimos na Agitt o entendimento de que não há cobrança de DIFAL nas vendas interestaduais para consumidor final não contribuinte, posição que detalhamos no artigo “Como calcular o DIFAL nas vendas interestaduais de e-commerce”, disponível em:
agittcontabilidade.com.br/blog/como-calcular-o-difal-nas-vendas-interestaduais-de-e-commerce/
Em linhas gerais, o DIFAL é a diferença entre a alíquota interna do ICMS no estado de destino e a alíquota interestadual, pensado para que o estado onde está o consumidor final fique com a maior parte do imposto. Nas empresas fora do Simples Nacional (Lucro Presumido ou Lucro Real), essa diferença costuma ser devida nas vendas interestaduais B2C, inclusive em operações via marketplaces como a Amazon.
É importante registrar que existem decisões judiciais, convênios e consultas de secretarias de fazenda com interpretações diferentes, especialmente em relação às empresas do Simples. Alguns estados reforçam a dispensa do DIFAL para optantes do regime simplificado; outros defendem a cobrança em cenários específicos. Por isso, na prática, a orientação segura é:
usar o entendimento consolidado no artigo da Agitt como linha-mestra para o conteúdo;
e, na operação real, conferir sempre a legislação e consultas do estado de destino antes de estruturar o fluxo fiscal das vendas pela Amazon (normal ou FBA).
Imposto de renda e INSS para pessoa física
Mesmo que FBA exija CNPJ, é comum o empreendedor começar vendendo em marketplaces como pessoa física e depois migrar para PJ.
Quando isso ocorre:
As vendas entram como rendimentos tributáveis no IRPF, com necessidade de comprovar custos para não ser tributado sobre o faturamento bruto.
Dependendo do volume e habitualidade, podem ser exigidas contribuições ao INSS como contribuinte individual.
Minha avaliação: operar volumes expressivos de e-commerce como PF é arriscado; para FBA isso é praticamente inviável no Brasil. A regularização via CNPJ é uma questão de segurança jurídica e não apenas de “economia de imposto”.
Como funciona a emissão de notas fiscais no Amazon FBA
No FBA brasileiro, existe um fluxo fiscal mais sofisticado do que em uma venda tradicional com logística própria. Documentos oficiais da Amazon mostram, por exemplo, o uso de:
NF de remessa para depósito temporário (quando o seu estoque é enviado ao centro de distribuição).
NF de retorno simbólico (para registrar a movimentação fiscal sem retorno físico da mercadoria).
NF de venda ao consumidor final, com destaque de ICMS (e, se aplicável, DIFAL).
Em muitos casos:
A própria Amazon utiliza um “Faturador” atendendo ao regulamento do operador logístico (como a Portaria CAT 31/2019 em SP), para emissão das NF-e necessárias no fluxo FBA.
Com a Reforma Tributária, a Amazon informou que, para vendas via FBA, irá ajustar automaticamente as notas para incluir IBS/CBS sem necessidade de ação manual do vendedor.
Mas atenção:
Você continua responsável pela consistência cadastral do seu CNPJ, CFOPs, regime tributário, CSTs/CSOSNs e parametrização da contabilidade.
Divergências entre o que o sistema emite e o que sua contabilidade apura podem gerar autuações.
Comparativo de tributação para Amazon FBA por tipo de empresa
A tabela a seguir resume, de forma simplificada, como o regime tributário impacta quem vende com FBA:
| Perfil da empresa | Regime típico | Características principais para FBA | Pontos de atenção |
|---|---|---|---|
| Pequeno seller iniciando | Simples Nacional (ME) | Anexo I, guia única, cálculo mais simples. | Limite de faturamento, alíquota efetiva cresce rápido. |
| Seller em crescimento (faturamento médio) | Simples ou Lucro Presumido | Simples tende a ser vantajoso até certo patamar; depois Presumido pode reduzir carga. | Necessário simular com margens reais e custos de FBA. |
| Operação robusta multi-canal | Lucro Presumido ou Real | Maior controle de créditos e despesas, planejamento mais sofisticado. | Obrigações acessórias mais complexas e custo contábil maior. |
Minha recomendação (interpretação profissional): qualquer seller com perspectiva de crescimento via FBA deve simular cenários com base em faturamento projetado, ticket médio, margens e mix de estados de destino (DIFAL). Decisão de regime “no chute” costuma sair cara.
Exemplos práticos de tributação para vendedores Amazon FBA
A seguir, três exemplos simplificados (sem considerar ICMS-ST, benefícios fiscais específicos, nem a fase plena do IBS/CBS). Os números servem apenas para ilustrar lógica, não como cálculo definitivo.
Exemplo 1 – Microempresa no Simples Nacional (Anexo I)
Faturamento mensal com FBA: R$ 50.000,00
Faturamento acumulado 12 meses: R$ 600.000,00
Supondo uma alíquota efetiva aproximada de 8% na tabela do Simples (apenas como referência ilustrativa).
Cálculo:
DAS mensal ≈ 8% × 50.000 = R$ 4.000,00
Dentro desses 8% estão embutidos:
Tributos federais (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, CPP) e
ICMS de comércio (com particularidades conforme produto/estado).
Conclusão prática: para este nível de faturamento, Simples tende a ser competitivo, especialmente para quem está estruturando a operação FBA.
Exemplo 2 – Empresa no Lucro Presumido
Faturamento mensal: R$ 100.000,00
Base presumida para IRPJ/CSLL (8% para comércio): R$ 8.000,00
IRPJ 15% sobre a base: 0,15 × 8.000 = R$ 1.200,00
CSLL 9% sobre a base: 0,09 × 8.000 = R$ 720,00
PIS/COFINS cumulativos: 3,65% × 100.000 = R$ 3.650,00
Total aproximado de tributos federais:
R$ 1.200 + R$ 720 + R$ 3.650 = R$ 5.570,00 (sem incluir ICMS).
Se o ICMS médio for, por exemplo, 12% sobre a base de cálculo relevante, isso somaria R$ 12.000,00, totalizando algo em torno de R$ 17.570,00 em tributos diretos sobre faturamento e lucro.
Interpretação: dependendo da margem de lucro e da carga de ICMS do estado, o Lucro Presumido pode ser mais pesado ou mais leve que o Simples. Simulação concreta é obrigatória.
Exemplo 3 – Amazon FBA internacional: vender para fora do Brasil
Muitos vendedores brasileiros utilizam FBA em outros países (como EUA ou Europa) para atender clientes locais. Nesses casos, entram em cena:
Obrigações tributárias no país onde a mercadoria está armazenada e vendida (por exemplo, sales tax nos EUA ou VAT na Europa, conforme regras locais).
A necessidade de cumprir também as obrigações brasileiras, especialmente se a empresa for domiciliada aqui (IRPJ, CSLL, PIS/COFINS, e eventual tributação sobre remessas e receitas internacionais). Sell on Amazon+2Amazon Seller Central+2
Minha visão: FBA internacional aumenta consideravelmente a complexidade tributária. É imprudente operar nesses mercados sem apoio de contabilidade especializada em comércio exterior e cross-border e-commerce.
Obrigações acessórias para quem vende com Amazon FBA
Além dos tributos em si, quem opera com Amazon FBA precisa se preocupar com:
Emissão e guarda de NF-e (remessa, retorno simbólico, venda).
SPED Fiscal / EFD ICMS-IPI, conforme exigência estadual.
EFD-Contribuições (no Lucro Presumido/Real).
DEFIS no Simples Nacional.
Livros e registros contábeis completos, em todos os regimes exceto MEI (e, mesmo nele, é prudente ter controles).
Fato: muitos erros com marketplace surgem da falta de conciliação entre:
Relatórios da Amazon (vendas, estornos, devoluções, taxas) e
Escrituração contábil/fiscal.
Erros mais comuns de quem vende com Amazon FBA
Algumas falhas aparecem recorrentemente em sellers FBA:
Confundir “nota emitida pela Amazon” com “imposto pago”
A emissão automática da NF não significa que o imposto foi recolhido; a responsabilidade tributária é da empresa.Não considerar DIFAL e ICMS-ST
Vender para outros estados sem mapear corretamente o ICMS e a substituição tributária é uma porta aberta para autuações.Escolher regime tributário apenas pelo “menor número” na tabela
Simples nem sempre é o mais barato; Lucro Presumido, às vezes, reduz carga em operações com margens altas.Misturar finanças pessoais e da empresa
Receber vendas em conta pessoal, ou não separar capital de giro, dificulta comprovação fiscal e planejamento.Ignorar a Reforma Tributária (IBS/CBS)
Ainda que Amazon automatize campos na NF, a estratégia de preços, margens e logística precisa ser revisitada.
Minha opinião: quem leva FBA a sério deve tratar a contabilidade como parte do “core” do negócio, não como mero custo administrativo.
Boas práticas de planejamento tributário para Amazon FBA
Algumas diretrizes práticas para donos de negócios, profissionais liberais que migraram para e-commerce e empreendedores digitais:
Formalize rapidamente um CNPJ adequado ao e-commerce (CNAE correto, enquadramento em comércio).
Simule Simples vs Lucro Presumido vs Lucro Real com base em dados reais (ticket médio, margens, mix de estados de entrega).
Parametrize corretamente CFOP, CST/CSOSN e regras de ICMS/DIFAL/ST junto com a contabilidade.
Concilie periodicamente relatórios da Amazon e livros fiscais, evitando diferenças entre vendas contábeis e valores recebidos.
Monitore os impactos da Reforma Tributária sobre sua operação e o repasse de IBS/CBS para preços finais.
Tenha um contador especialista em e-commerce e marketplaces, não apenas em comércio tradicional.
Conclusão
O imposto para Amazon FBA não é um “novo tipo de tributo”, mas a aplicação, em um ambiente mais complexo, das mesmas regras que se aplicam a qualquer e-commerce de mercadorias. O FBA simplifica logística e faturamento, mas não substitui um bom planejamento tributário.
Escolher o regime certo, mapear corretamente ICMS, DIFAL e tributos federais, ajustar a emissão de notas fiscais e acompanhar a Reforma Tributária são passos essenciais para transformar o FBA em uma operação escalável, lucrativa e segura do ponto de vista fiscal.
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